A biodiversidade é a maior riqueza da Guiné-Bissau e a única que está disponível de imediato para garantir o desenvolvimento do país, destaca o diretor-geral do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP), Alfredo da Silva.
“Podem procurar petróleo, bauxite e outros recursos mineiros, mas esses ainda não existem e a biodiversidade está disponível”, realça.
Alfredo da Silva aplaude o facto de o plano de desenvolvimento da Guiné-Bissau para os próximos anos basear-se na biodiversidade.
“Foi uma escolha acertada”, sublinha.
“Temos recursos endógenos para consumir e exportar”, desde o pescado na zona marítima (maior que a área continental da Guiné-Bissau), até “outra culturas, como leguminosas e arroz”, que agora é importado, mas que o país já chegou a exportar, antes de a instabilidade política e militar das últimas quatro décadas dizimar a economia guineense.
“Eu costumo dar um exemplo: durante 11 meses de conflito [guerra civil entre 1998 e 1999], com fronteiras fechadas, conseguimos sobreviver, porque temos os recursos naturais. Temos produtos florestais não lenhosos, a própria floresta, o solo para agricultura e a chuva”, descreve.
Deste cenário emerge a constatação de que, na Guiné-Bissau, “a natureza garante a segurança alimentar e pode potenciar indústrias alimentícias”.
Por outro lado, a biodiversidade atrai visitantes e potencia investimentos turísticos.
A “Biodiversidade e gestão sustentável dos recursos naturais” é um dos capítulos em destaque no programa de desenvolvimento do país para a próxima década (até 2025), com investimentos previstos no valor de 58 milhões de euros.
Da preservação das riquezas naturais dependem todos os outros “motores de crescimento” do país, destaca o documento que foi apresentado na mesa redonda de doadores, realizada em março, em Bruxelas.
Na altura, a comunidade internacional anunciou intenções de apoio da ordem dos mil milhões de euros, mas o Governo foi entretanto demitido pelo Presidente da República, José Mário Vaz, a 12 de agosto.
Não se sabe ainda que orientação política será dada por um futuro Governo às pastas então organizadas.
“O IBAP continuará a trabalhar”, realça Alfredo da Silva.
Com dez anos de atividade, e apesar de 15% do território guineense ser área protegida, o governo nunca destinou “nenhuma dotação orçamental” ao IBAP (que está à beira de completar 11 anos), sublinha o diretor-geral, um cenário que espera venha um dia a mudar.
Fonte LUSA