Quinze deputados do PAIGC, partido no poder da Guiné-Bissau, anunciaram hoje que vão votar contra o programa do Governo no próximo dia 18 "se não houver diálogo sério" com a direção do partido.
Por intermédio do deputado Soares Sambu, o grupo dos 15 eleitos acusa a direção do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e a respetiva bancada parlamentar, de "amedrontar" e fazer "pressão" sobre os parlamentares que se posicionam contra o programa do Governo do primeiro-ministro, Carlos Correia.
Apesar de o PAIGC ser maioritário, o programa de Governo não obteve votos suficientes para ser aprovado a 23 de dezembro uma vez que o grupo dos 15 optou pela abstenção, juntando-se aos eleitos pelo Partido da Renovação Social (PRS), na oposição.
De acordo com a lei guineense, o documento volta a ser apreciado no dia 18 deste mês e caso não seja aprovado, o Governo cai automaticamente.
Hoje, em conferência de imprensa, presenciada pelos 15 deputados, Soares Sambu afirmou que, nos últimos dias, os parlamentares em causa têm vindo a receber "panfletos de ameaças" à integridade física e ao património, caso não viabilizem o programa de Governo.
O porta-voz dos deputados contestatários à direção do PAIGC adiantou que se têm vindo a posicionar contra o programa do Governo, por, alegadamente, este não ter sido discutido pelo Comité Central do partido, como mandam os estatutos, disse.
Soares Sambu afirmou que "naturalmente" os 15 deputados não poderiam caucionar o documento, o que, disse, não colocará em causa os projetos de desenvolvimento do país ou as relações com a comunidade internacional.
O que está em causa, adiantou Sambu, é o cumprimento de "um pressuposto elementar" dos estatutos do partido.
Questionado sobre se pretendem abandonar o Parlamento, substituídos por deputados suplentes por indicação da direção do partido, Soares Sambu disse que no próximo dia 18 estarão no hemiciclo de onde não vão sair até ao fim da legislatura.
Fontes da direção do PAIGC indicaram à Lusa a possibilidade de os 15 deputados serem substituídos, na sequência de sanções de que serão alvos por terem, alegadamente, infringido os estatutos do partido ao se posicionarem contra o programa do Governo.
O grupo diz-se aberto ao "diálogo sério, sem pré-condições", mas avisa que não claudicará perante o que considera de atitudes sectárias, divisionistas e de perseguições no seio do PAIGC.
De acordo ainda com Soares Sambu, o grupo está aberto para encontrar "soluções globais" dentro do partido e que possam viabilizar a governabilidade da Guiné-Bissau.
A conferência de imprensa hoje promovida visou, segundo Sambu, repor a verdade dos factos e defender a honra e o bom nome dos 15 deputados.
Fonte: MB // EL Lusa/Fim
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