O secretário-geral da ONU informou que tomou nota da decisão da organização africana de reconhecer Umaro Sissoco Embaló como Presidente Guineense e encorajou atores políticos a trabalhar de maneira construtiva.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou este sábado (25.04) que tomou nota da decisão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de reconhecer Umaro Sissoco Embaló como Presidente da Guiné-Bissau e pediu o cumprimento das deliberações da organização.
Segundo o porta-voz de António Guterres, Stéphane Dujarric, o secretário-geral da ONU encorajou os "atores da Guiné-Bissau a trabalharem de maneira inclusiva e construtiva na implementação das decisões relevantes da CEDEAO, particularmente no que diz respeito à nomeação de um primeiro-ministro e a formação de um novo Governo".
Na quinta-feira (23.04), a CEDEAO reconheceu Umaro Sissoco Embaló como vencedor da segunda volta das eleições presidenciais de 29 de dezembro e pediu a formação de um novo Governo até 22 de maio. Na sequência do anúncio da CEDEAO, a União Europeia elogiou a decisão da organização sub-regional africana por ter resolvido o impasse que persistia no país.
A União Africana felicitou Umaro Sissoco Embaló e pediu aos políticos guineenses para aderirem às decisões da CEDEAO e trabalharem para a estabilidade do país.
Crise política
A Guiné-Bissau vivia mais uma crise política desde o início do ano, depois de Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), se ter autoproclamado Presidente do país, apesar de decorrer no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Simões Pereira, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), não aceitou a derrota na segunda volta das presidenciais de dezembro. O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país, declarado no âmbito do combate à pandemia da Covid-19.
Umaro Sissoco Embaló tomou posse em fevereiro numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do Parlamento guineense, Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções para assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.
PAIGC analisa situação
O Governo demitido por Umaro Sissoco Embaló, do primeiro-ministro Aristides Gomes, do PAIGC, mantém o apoio da maioria no Parlamento da Guiné-Bissau. Este sábado, o partido vencedor das legislativas guineense disse estar a analisar "com serenidade" as decisões tomadas pela CEDEAO.
"Dada a sensibilidade do teor do comunicado, o secretariado nacional do PAIGC" vem informar os "militantes, simpatizantes e a opinião pública nacional e internacional de que as estruturas competentes do partido estão, neste momento, a analisar o assunto com toda a serenidade e garante que dentro em breve a posição do PAIGC será tornada pública", refere, em comunicado, o partido liderado por Domingos Simões Pereira.
Fonte : DW